Eu sempre achei que não ficaria muito tempo por aqui. Confesso
acreditar que tenha superado minha própria expectativa. Se fiz mal para alguém,
não foi intencional. O horizonte que vislumbrava era esplendoroso. O caminho
percorrido até ele, assim como o resultado, nem tanto. O melhor de mim vai
ficar em meus descendentes e amores, sangue do meu sangue, Rafael e Fernanda. O
meu maior amigo, mesmo com dificuldades em aceitar suas criticas e verdades,
sempre foi e será quem mais por mim fez na vida, meu amado pai Fernando. A pessoa mais incrível foi minha avó materna Noemy.
O lugar onde me senti mais em sintonia
com a vida, o mar.
Da cozinha, do assado, do mate, da granola, do vinho, da
cerveja, do fernet, dos doces, prazeres que juntam-se ao esporte, a música, a
politica e a religião. Mais amei o surfe do que o tenha bem praticado. No futebol
me saí um pouco melhor. No jornalismo realizei o sonho de ter sido repórter
esportivo por um período e ali ter feito grandes amigos. Na politica percebi o
quanto amava meu país em cores verde e amarelo. Sobre a música, na bateria fiz
o meu melhor. Na religião conheci a luz.
Quero ser cremado. Não quero estar de traje e sim com a
camisa do meu Internacional. Na solenidade, quero que seja servido vinho e chopp ao som dos álbuns do AC/DC. Minhas cinzas serão motivo de uma peregrinação para
despejo em quatro locais na seguinte ordem. A primeira no mar do Imbé, em
frente a rua Castelo Branco. A segunda no mar de Canasvieiras, em frente a rua José Daux. A terceira nas aguas da Barrinha em
frente a pedra da fenda no Morro do Índio. Por fim no pátio de minha casa na
Encantada, se ainda estiver de posse da família. Caso contrário, na cachoeira
da Encantada.
Os amores que conquistei e vivi, assim como os que sonhei e
não conquistei irão comigo no coração. Agradecimento generoso ao mundo
espiritual que com suas falanges estiveram a me guiar. Deixem minhas redes
sociais ativas. Ficarei por aqui o tempo que nosso grande pai Oxalá determinar,
mas gostaria de deixar esse breve relato após cinquenta anos. Agradecimento ao
meu pai Fernando, mãe Noemi, irmã Micaela, filhos Rafael e Fernanda. Aos
verdadeiros amigos, digo que valeu por tudo.
Aos demais, muito obrigado.
Foto e texto: Rafael Cabeleira