Foto e texto: Rafael Cabeleira
Os jovens porto-alegrenses sempre
marcaram presença nos diversos momentos culturais e políticos de nossa
sociedade. Tudo bem que não podemos generalizar e colocar todos no mesmo saco,
porém um grupo sempre quis estar em evidência através do passar dos tempos.
Isso acontece em qualquer sociedade politizada, embora muitos deles confundam o
real sentido de ser parte de um momento e contexto político-social.
No final dos anos 60 e na década
de 70, presenciamos os chamados rebeldes, caminhando com suas bolsas
atravessadas no peito, com cabelos ao vento cultuando a cultura “podicrê”. Já nos
anos 80, o Brasil anunciava o fim da era ditadura militar, explodindo as mais
variadas manifestações de estilos na capital gaúcha. A Avenida Osvaldo Aranha,
no bairro Bom Fim, acolhia todas as estirpes. Ao passear, o morador da capital
percebia punks, darks, metaleiros, skinheads, além dos hippies e outros estilos
que apontavam uma nova era democrática com a abertura política. No domingo,
todo mundo se encontrava no Luar Luar e Escaler. O Luar ficava na Osvaldo
esquina com a Rua José Bonifácio. Ali o pessoal apenas se reunia para tomar
aquela gelada. Já no Escaler, que ficava atrás do Luar, praticamente dentro da
Redenção, onde hoje existe um parque de diversões infantil, foi o
palco de muitos shows gratuitos em um espaço chamado fumódromo.
O tempo passou e os estilos
praticamente sumiram. A modernidade fez o novo jovem parecer mais normal. Começamos
a perceber mais adeptos identificados com seguimentos, como skatistas,
surfistas, roqueiros, todos muito parecidos em essência e com menos rebeldia. Talvez,
o mais distintos dos anos 90, foram os “grunges”, que cultuavam o rock vindo de
Seattle, nos estados Unidos da América.
Como diz o
próprio ditado, o mundo dá voltas ou anda em círculos. Com o novo século, o preconceito
diminuiu e o jovem buscou novas aparências e estilos inovadores. Ele
precisava se destacar. Neste momento surgiu o estilo emo, autodenominado
emotivo. Com um visual e cabelos bem diferentes dos até então usados, os emos foram
um elo para o surgimento da Nova Geração, que está aí no momento e se
intitula livre para o amor, onde todos se relacionam com todos, sem
distinção de sexo, cor ou raça.
Sem preconceito e nenhum pudor,
esta geração além de ter seus conceitos, envolve-se em movimentos sociais. Luta
pelos direitos do povo, mesmo que muitas vezes nem saiba se está de acordo com
sua classe e condição social. Essa nova geração tem ponto de encontro marcado.
Os jovens se encontram todas as noites de terça-feira, ao lado da histórica
Ponte de Pedra, entre a Borges de Medeiros e a perimetral. O encontro de terça
teve início ainda na escadaria da Duque de Caxias, no Viaduto Otávio Rocha. Ali,
durante anos, ficava o bar e restaurante Tutti Giorni.
No começo era um encontro de
cartunistas, publicitários e jornalistas, depois de ciclistas. Com a mudança do bar justamente para frente
do lago da Ponte de Pedra, o movimento eclodiu. Ali, não existe preconceito. Jovens de todas as classes, porém mais
despojados, juntam-se para beber, curtir, jogar conversa fora, dançar, tocar
instrumentos ao ar livre, sem que haja censura. Muitos aproveitam a noite para
comercializar comidas, artesanatos e até mesmo bebidas. Afinal, Porto Alegre
sempre teve e terá sua essência, suas diferenças e suas características e o
jovem sempre fará parte deste todo.